Falar do suicídio infantil tem
suas dificuldades já que estamos presos na ideia que o suicídio é um ato adulto
ou adolescente. Porém, devemos nos atentar a isso mesmo que seja uma temática pouco discutida. Cabe salientar que “estatisticamente falando, o suicídio é a quinta
causa de morte entre crianças de 5 á 14 anos, perdendo para, em primeiro, acidentes,
segundo, câncer, terceiro, anomalias congênitas, quarto, homicídios e por fim o
suicídio.” (2)
É importante abordar o assunto,
ainda mais em tempos de Bullying, de intolerâncias e desrespeito a condição
humana em diversas esferas da sociedade.
Segundo dados da OMS –
Organização Mundial da Saúde (2000), no mundo inteiro o suicídio está entre as
cinco maiores causas de morte na faixa etária de 15 a 19 anos. Já o suicídio
infantil, apesar de também ocorrer, é um tema quase indiscutido e intocado, pois
coloca em cheque o mito da inocência infantil. Por isso, na maioria dos casos
se atribui o ato suicida a um possível acidente doméstico. Mesmo quando o
depoimento da criança manifesta o desejo de morrer, de colocar fim à própria
vida, as pessoas consideram que o gesto “é coisa de criança e não um ato
destrutivo”.
Os próprios profissionais de
saúde muitas vezes não estão preparados para lidar com a situação, pois o ato
suicida vai diretamente contra o objetivo de sua profissão, que é preservação
da vida. É importante a conscientização desses profissionais com relação ao
tema para que seja dada a atenção devida ao sofrimento do paciente e o suporte
adequado a ele e sua família.
A pessoa que tenta o suicídio
está passando por um sofrimento psicológico intenso, que muitas vezes é
ignorado no atendimento hospitalar. O psicólogo hospitalar tem um papel
fundamental nesses casos, tanto no atendimento à criança que tentou o suicídio
e aos seus familiares, quanto no suporte aos próprios profissionais de saúde.
Ter pensamentos suicidas uma vez
ou outra não é anormal na passagem da infância para a adolescência. Esses
pensamentos se tornam anormais quando a realização desses pensamentos parece
ser a única solução dos problemas. Neste caso há um sério risco de tentativa ou
de suicídio. Ainda que não seja fácil prever com certeza a conduta futura de
uma criança, os especialistas aconselham a não subestimar suas ameaças ou
advertências.
A idealização ou intenção do
suicídio em geral surge de um estado depressivo. Muitos dos sintomas das
tendências suicidas são similares aos da depressão. Quando os pais suspeitarem
que a criança ou o jovem pode ter um problema sério, uma imediata, autoritária
e decisiva intervenção, levando o jovem ao médico, ao psiquiatra infantil ou à
emergência de um hospital, pode salvar uma vida.
Várias formas de supervisão como
remover ou vigiar medicamentos perigosos, armas de fogo, pesticidas,
explosivos, facas, tanto na escola quanto nas casas e outros locais, são
importantes medidas para se preservar a vida. Já que essas medidas sozinhas não
são suficientes para prevenir o suicídio em longo prazo, apoio psicológico deve
ser oferecido ao mesmo tempo.
Prevenção
O aumento da percepção e a
disseminação de informação apropriada são essenciais para os programas de
prevenção ao suicídio. Em 1999, a OMS organizou o SUPRE – programa mundial para
prevenção do suicídio, com uma série de manuais destinados a grupos sociais e
profissionais (profissionais de saúde, educadores, agentes sociais,
governantes, legisladores, comunicadores sociais, forças da lei, famílias e comunidades),
visando à prevenção do suicídio, que envolve uma série de atividades,
abrangendo desde o tratamento efetivo dos distúrbios mentais até um controle
ambiental dos fatores de risco. (1)
Devemos estar atentos a todos os mínimos
sinais que as crianças nos emitem. Refletir sobre as atitudes e dialogar sempre
sobre a importância da vida e de viver um dia de casa vez plenamente. Com amor próprio
e seguir sempre adiante, mesmo nas dificuldades.
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