sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Soçobrar *


Tristes lembranças
Que insistem em surgir
Com o tempo não alcança
O esquecimento de um sentir

Com o palpitar no peito
Revive sentimentos ruins
Algo que seria perfeito
Não teve um final feliz

O que manteve foi a esperança
De um dia tudo florir
Mas com lágrimas o sofrimento
Parece nunca ter fim 

* afundar-se;naufragar
Clenio Lopes

domingo, 7 de agosto de 2011

Violência + LGBT

Hoje acordei com a ligação da coordenadora da ONG Construindo Igualdade, ela que sempre defendeu os direitos LGBT, lutando contra violência e discriminação, foi vítima dessa covardia. Com sua voz calma e uma sensibilidade única, ela narra o que enfrenta desde que veio morar em Caxias do Sul (a terra de imigração italiana que se orgulha e mantêm tradições arcaícas e inutéis de um povo que veio pra cá a não sei quantos anos atrás e que os Italianos da Itália nem sabem que existe), travesti, casada, dona de uma pequena empresa foi morar em Forqueta (imagine). Vivendo lá à alguns anos, sofrendo diariamente o preconceito dos "nonos" ela foi agredida, os vizinhos não lhe ajudaram, olharam a covardia e nada fizeram. Quem agrediu ela, agride qualquer outro na rua, não é um caso isolado, ainda está no hospital o rapaz que foi atacado no ponto de ônibus, rapaz gay lembrando. É lamentável que isso aconteça e por mais que se façam movimentos, procurem mudar esse comportamento as coisas continuam acontecendo, que mentalidade esses agressores construiram para sair por ai atacando pessoas, independente da orientação sexual são seres humanos. Como vivem esses agressores, que educação tiveram (se é que tiveram alguma), será que o povo que se orgulha de suas tradições também se orgulha disso? Quem criou esses agressores? A intolerância? a falta de amor ao próximo? Ou apenas o gozo por agredir pessoas ? Me faltam palavras pra expressar o quanto me doeu escutar ela falando que não sabe mais o que fazer, pouco sai de casa, e quando sai acontece isso, agora ela pretende sair de Caxias do Sul, mas existem outros agressores por ai, que se perpetuam, atacam, agridem, matam e continuam "por ai", fazendo mais vítimas, causando ainda mais dor, e cadê a justiça ?
O que fazer numa situação dessas? Evidentemente pra quem não sofre esse tipo de preconceito não sabe a dimensão que isso tem, apenas aqueles que vivem cotidianamente sob olhares opressores, vivendo como se tivessem o tempo todo cometendo algum erro, sabe o quanto dói saber que a intolerância toma conta do dia a dia e muitos são os que sofrem agressões e choram silenciosamente. Essa violência que tortura a vida daqueles que não esolheram ser diferentes do comportamento dito "normal", o preconceito é tão silencioso e torturante que ninguém se dá conta da gravidade que é viver sob ameaça constante. Para quem não sofre esse tipo de discriminação nem com a maior capacidade de empatia consegue imaginar o quanto sofrem aqueles que acordam carregando consigo o peso da diferença, porque sim, com o modo que a sociedade no geral lida com as questões das diferenças e nesse caso da homossexualidade, isso se torna um fardo. Tem amigos gays e encher a boca que não tem preconceito pouco importa, porque quando precisam de apoio em movimentos e manifestos quem aparece para levantar bandeira ? quem é ridicularizado em público? quem é olhado torto nas ruas escuras onde alguns tentam se sustentar? 
O que orientar para a coordenadora que está decidida a procurar outra cidade, numa busca silenciosa por respeito, por viver dignamente. Que opções temos ? Será que mais uma vez é nos calar, chorar, lamentar até a próxima agressão acontecer? Ou simplismente, Desistir ?!?