sábado, 23 de abril de 2011

Sindrome de Cotard


 A síndrome de Cotard, também chamada de "delírio de negação", "delírio de negação de órgãos", é uma condição médica na qual a pessoa apresenta a crença delirante de estar morto ou de que seus órgãos estejam paralisados ou podres, ou ainda de que amigos, familiares, o mundo à sua volta não mais existem ou estão em via de não mais existir, independentemente do diagnóstico do paciente.
Foi descrita pela primeira vez em 1880 pelo psiquiatra francês Jules Cotard em sua obra Du délire hypochondriaque dans une forme grave de la mélancolie auxieuse (Do delírio hipocondríaco sob uma forma grave de melancolia ansiosa), a partir do caso de uma mulher de 43 anos que se dizia sem cérebro, "sem cérebro, nervos, tórax ou entranhas e era só pele e ossos, nem Deus nem o Diabo existiam - ela era eterna e viveria para sempre". Inicialmente ela foi então nomeada como Delírio de Negação.
Embora o sintoma central da síndrome seja o delírio de conteúdo niilista, ela pode apresentar-se com diferentes graus de gravidade, variando de formas leves onde pacientes expressam sentimentos de desespero, até chegar a formas mais graves quando os doentes negam a própria existência e/ou a existência do próprio mundo.
A crença, delirante, de já estar morto, ter apodrecido, ou estar apodrecendo, anuncia um conteúdo depressivo do pensamento, estando desde a sua descrição clássica mais relacionada aos quadros melancólicos, ou modernamente, aos quadros de Transtornos de humor unipolar - Depressões graves com sintomas psicóticos.
Entretanto, como todos os sintomas em psiquiatria, não há sintoma característico apenas de uma doença, podendo também o fenômeno de Cotard ser descrito em Esquizofenias, em psicoses devido ao uso de drogas, etc.



Autora:Psiquiatra e Psicoterapeuta

sexta-feira, 15 de abril de 2011

"O Grande Ditador"

O Último Discurso, Charles Chaplin, em homenagem ao 122º aniversário.

"O Grande Ditador"

Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício.Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja.
Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.

Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim.
Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio.
Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos.
A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.
A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios.
Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela.
A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria.
Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.
Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade.
Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura.
Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais.
A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós.
Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes.
Aos que me podem ouvir eu digo: Não desespereis!
A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano.
Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo.
E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.

Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão!
Não sois máquinas! Homens é o que sois!
E com o amor da humanidade em vossas almas!
Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!

Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade!
No 17º capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou de um grupo de homens, mas dos homens todos! Está em vós!
Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade!
Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela...
De fazê-la uma aventura maravilhosa.
Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós.
Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.

É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder.
Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão!
Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo.
Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós.
Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!

Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos!
Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam!
Estamos saindo da treva para a luz!
Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade.
Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar.
Voa para o arco-íris, para a luz da esperança.
Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!"

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Borboletas no estômago


Os mais intensos sentimentos.


Com palavras foram crescendo


As semelhanças que surgiam


Aprimoravam os desejos





Com a imagem se permitiram


Mais próximo se tornar


E com certeza o que sentiam


Não conseguiam explicar







Algo que inquietava


E no mais singelo âmago


O que surgia sem nenhum medo


Eram borboletas no estômago

Clenio Lopes



quarta-feira, 6 de abril de 2011

Sofrer


Um sofrer sem escolha
Que acontece sem esperar
Quando busca e olha
Nada consegue enxergar

Sente-se como uma perda
Que está preste a chegar
À distância que limita
O desejo de amar

O vazio que se supre
Pela fantasia de tentar
Viver intensamente
Cada instante sem pesar

Com verdades e mentiras
Uma relação alimentar
Sem medo daquele dia
Que tudo poderá se acabar

Clenio Lopes

segunda-feira, 4 de abril de 2011

domingo, 3 de abril de 2011

Desamor


Essa dor que me angústia
Não me deixando respirar
Nada do que eu faça alivia
A espera do que virá

Em minha mente fantasias
Que torturam meu acordar
Dias passam sem alegria
E do meu lado não sei se está

Sinto-me mal com a desconfiança
Que sempre algo tem a me contar
Queria senti-lo com verdade
Mas as mentiras estão em seu olhar

Espero que um dia eu compreenda
Sua inquieta forma de gostar
Não quero que isso destrua
Minha doce forma de amar.

Clenio Lopes

sábado, 2 de abril de 2011

O despertador


Todos os dias, na correria que fazemos para viver, temos um aliado. Certamente que por vezes torna nosso pior inimigo. Num cotidiano exaustivo, sempre se busca dormir um pouquinho mais, aproveitar melhor o tempo para descansar o corpo e a mente de tanta correria. Então, temos nossos compromissos diários, e quando eles são pela manhã, temos a obrigação de cumpri-lo. Assim, entra o despertador em cena.
Desde que inventaram essa forma tão eficiente de caracterizar o relógio em tic tac, tic tac, usa-se eles nas mais diversas situações, talvez hoje nem se escute mais o tic tac como antigamente, pois os celulares fazem esse papel multifuncional de além de nos colocar em comunicação com o outro, nos acorda, nos alerta, nos condiciona, nos obriga carrega-lo para cima e para baixo. O relógio é um acessório estético atualmente.
Mas enfim, podemos não ouvir mais o tic tac dos relógios despertadores, mas ainda assim temos algo que nos desperte do mais intenso sono, que interrompe os mais belos sonhos, e nos tira do conforto das cobertas.
O melhor é quando num ato de querer aproveitar mais o sono, coloca-se despertar alguns minutos antes, para ter o prazer de ficar no aconchego das cobertas mais um pouco, os relógios despertadores tinham aquele barulho, que no sono, começava a ser ouvido suavemente, como se fizesse parte de um sonho, mas começa a aumentar de tal forma, que quando nos damos conta é hora de sair da cama. E naqueles dias frios, como é infernal escutar aquele “barulhinho” que me falta palavras pra explicar, é quase que um tempo musical de 4/4, mais ou menos isso.
Não somente nos avisa que é hora de acordar, que mais um dia se inicia, e a vida deve continuar que os despertadores muitas vezes nos fazem sofrer. Aqueles dias excepcionais que devemos acordar mais cedo que o habitual, para ir a algum lugar, fazer alguma viagem, dias que nos obrigam a colocar o relógio despertar mais cedo. Então, começa o martírio, com um medo quase que inexplicável, parece que a qualquer momento ele vai despertar assim fica-se naquele clima de tensão a noite toda, e olha para o despertador e percebe que pode dormir mais um pouco, mas a angustia de não acordar na hora certa é tamanha, que logo em seguida olha-se o relógio de novo. Como é ousado esse tempo, quando mais nos angustiamos, mas ele demora a passar. A noite se torna um grande acumulo de inquietações, a espera pelo despertar. Despertando-nos para o incerto, para o insucesso, porque horas perdidas de sonho não se recuperam de modo fácil. Mas por fim, dormimos, e em cinco minutos ele avisa, acorda, acorda, chegou sua hora de levantar. E com uma raiva imensa pensamos: dormi tão mau, tão pouco, parece que só fechei os olhos e a hora passou. Nada disso, as horas passaram sim, mas quem não soube aproveitar para dormir? O despertador é britanicamente pontual, quem escolhe a hora para ele despertar pode não ser.
O que é certo é que quando um relógio começa a alarmar que está na nossa hora, isso nos dá uma sensação de ter despertado para dor, para o ardor, para o pavor de ter que sair às pressas, mal humorado apenas querendo esquecer que com esse despertar mais um dia estará para acontecer, e acabar e se renovar, e tudo voltar a despertar.
Um despertar para dor, um despertar para a vida, com suas horas contadas, momentos contados, sonhos cortados, e por fim dias cansados. Parece que tudo se limitou ao tempo, o tempo que tentamos não ver passar, mas que passa sem nosso consentimento. Como aproveitar o tempo? 

Autor: Clenio Lopes

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Sentimentos

 Essa dor que sinto em meu peito
Surge de um sentimento
Que não poderia emergir
Algo que foge do bom senso
Não me permitindo sorrir

Sufoco com silêncio e lágrima
Para ninguém se ferir
Não houve escolha de nada
Porque ninguém controla um sentir

E mais uma vez calado
Sofro sem ajuda pedir
Afasta-se com medo e angústia
De um afeto que não pode existir

Clenio Lopes

Preta Gil X Bolsonaro

Para quem está acompanhando as notícias sobre as declarações desse sujeito que me recuso pronunciar o nome mais de uma vez, e que tenha o minímo de bom senso deve estar indigando. (Saiba mais clicando aqui). 
É um absurdo quase impensável ver que em pleno a contemporaneidade um sujeito consiga ter um pensamento tão arcaico e cheio de preconceitos. Não me admira ele ter um cargo na política já que vivemos numa sociedade carregada de preconceitos velados, nesse caso, ele se tornou a personificação de todos esses sujeitos que condenam e julgam os gays, lésbicas, transexuais, negros e todos que são considerados minorias. É uma covardia pensar que um sujeito desse tipo se exponha publicamente pra falar absurdos e ainda sim ter seguidores, pessoas que aplaudam esse comportamento homofobico, racista, sexista e machista. É difícil encontrar palavras que expressam tamanha indignação, é desconfortável saber que pessoas assim andam pelas ruas e ofendem os outros como se tivessem razão. Esse deputado foi porta voz de pessoas que igual a ele, julgam, humilham, condenam e agridem todos que fogem de um padrão tolo e inutil de comportamento ou regra, e isso acontece porque não há punição real, não há justiça que faça valer os Diretos Humanos, enquanto gays são agredidos essas pessoas estão em pune, é vergonhoso. 
Enquanto não tivermos uma justiça efetiva que faça valer os direitos de tod@s vamos continuar assistindo essa degradação do respeito ao outro. Não foi apenas Preta Gil que ele agrediu e ofendeu publicamente, foram todos os que como ela passam diariamente por constrangimentos por serem "diferentes". Esse sujeito e seus seguidores estão confundindo liberdade de expressão com ignorância, porque é isso que eles significam, ignorantes, perpetuadores de preconceitos e da falta de respeito. 
Nenhum movimento social das minorias estão pedindo para serem idolatrados e sim para serem respeitados em suas diferenças. Não devemos nos calar diante disso, temos que agir, a mudança só ocorre com ação e não será se calando diante dessa calamitosa situação que vamos conseguir mudar minimamente os fatos.
Refletir e de alguma forma fazer a nossa parte já é um passo...

Clenio Lopes