domingo, 26 de fevereiro de 2012

Qual é o seu preconceito?

Em uma sociedade que se funda a partir de estereótipos padronizados, fica claro que tudo que saí dos padrões impostos pela sociedade sofre de algo chamado preconceito. Mas quem são os preconceituosos que vivem ao nosso redor, já que todos dizem: ‘eu não tenho preconceito’.
Ele existe, porém, é negado, é mascarado por formas sutis à nossa percepção, e aparece em situações cotidianas ficando cada vez mais difícil de acabar com essas manifestações que ninguém assume possuir.
Já que sabemos que ele existe, seria mais fácil se as pessoas falassem sobre seus preconceitos sem medo, porque a idéia seria que todos e todas devem ser respeitados. Não precisa idolatrar o que você condena, e sim respeitar.
Pensando na psicologia, que trabalha com o discurso, com a escuta, e diz que um problema psíquico poderá ser resolvido ao ser verbalizado e investigado, e que o sujeito terá uma melhora se conseguir dar-se conta do seu mal. É interessante pensar na possibilidade de que se falássemos sobre os nossos preconceitos, eles seriam levados a um maior esclarecimento e talvez assim, construiríamos um ambiente onde a diferença fosse respeitada e não mais condenada.
Pensando em outro aspecto, o preconceito surge para compensar nossas falhas, é muito mais fácil observar as outras pessoas e tirar conclusões preestabelecidas, do que voltar o olhar para si mesmo e questionar o porquê se incomoda tanto com o outro. Talvez o problema esteja em cada um e não naquele que decidimos ‘mal falar’.
Os preconceitos estão aí a séculos, então uma mudança não ocorrerá de uma hora para outra e sim a longo prazo, com isso vou sugerir que possamos começar com um primeiro passo, refletindo sobre a seguinte questão: Qual é o seu preconceito? 

Clenio Lopes 
                                                                                                   

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Ciclo



Tão fugaz viver às vezes...
É um ciclo diário esse vai e vem
E assim sigo
Tão apressada não percebo
Que muda o formato da lua...
Que mudo constantemente
Dentro e fora
Urgente ansiedade
Em saber exatamente
O momento de abrir o coração
Sigo sem pressa...
Quase nenhuma bagagem.
Num infinito ir e vir,
E de tantas idas e vindas
A vida parece interminável
É um morrer, faz parte do ciclo
Que parece renascer o dia seguinte
Ocultos anseios enfatizam
Ainda que surdinos, falam.
Deixas a transparência vir a tona
Para que se renovem as emoções
E recomece o ciclo
Reinicie a vida.

Glória Salles

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

 
"Se o homem fosse um animal ou um anjo, não sentiria angústia. Mas, sendo uma síntese, se angustia. E tanto mais sente a angústia, quanto mais humano for."
 
(Soren Kierkegaard)

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Clarice Lispector - Perdoando Deus


 
'Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele.'

Deus, Ele não existe. in "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998